quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Já não escrevia há imenso tempo... Falta dele?! Nem por isso. Tenho tido muito trabalho, sim, mas nada que me impeça de dedicar alguns minutos à escrita.

Depois do meu regresso ao trabalho, em Outubro, tenho-me aplicado mais nas tarefas diárias, e isso tem-me esgotado bastante, embora este cansaço seja de certa forma gratificante. Sinto finalmente que sou útil e que a minha ausência faria alguma diferença se tivesse de ser sofrida.

Por outro lado, tenho o meu avô internado, em coma, no Hospital da Gala, e daria tudo para o tirar de lá, mas a verdade é que ele não se levantará jamais para voltar para casa. De qualquer forma, a força dele tem sido notada por todos. Contudo, não sei se rejubile ou não ao saber que ele tem aguentado com imensa agonia os últimos tempos.

A passagem de ano foi uma "treta". Adorei ter a companhia da Mónica, do Nuno e do Edgar. Seriam certamente as pessoas que escolheria para me divertir, não fosse a dor que sinto sempre que penso no meu Silvério.

Mais do que nunca, tenho pensado ultimamente nos momentos de alegria que o meu avô me proporcionou, e continuo a sentir a falta de lhe dizer o quanto gosto dele, embora o repita constantemente em secretos desabafos. No silêncio que reina junto à cama 3 da Medicina, grito a pleno pulmões que daria a vida para o ver bem, mas ninguém me ouve. Talvez por entre alguns murmúrios ele me ouça, como por telepatia. Pelo menos, reina no meu peito essa esperança, juntamente com a certeza de que o nome dele jamais sairá do meu coração.

E enquanto dedico estas palavras ao meu avô, o tempo passa, incessante. O tempo do qual esperamos tanta vez que nos traga coisas boas, momentos felizes, reencontros emocionantes. Este tempo que por vezes parece tão parado, mas que passa tão depressa quando menos queremos. Enfim, o mesmo tempo feito de longos minutos que nos traz as más e as boas notícias.

E como nem agora o tempo parou, tenho de seguir em frente, para que um dia o meu avô, de onde quer que seja, se possa orgulhar de mim.